O Brufen 600 é grande
Na semana passada, finalmente, pude comprovar que existe indústria farmacêutica para lá da ASPIRINA. Face a uma inflamação na garganta, coloquei-me a séria hipótese de não comparecer num cabrito assado agendado para o Miranda. Para minha surpresa, fui informado por outro colega dos chispes, o Paulo, que uma dor de gengivas poderia impossibilitá-lo de dar o seu contributo na limpeza das travessas preenchidinhas com este mamífero hervíboro ruminante cavicórneo.
Face a esta ameaça, obviamente que as noites anteriores foram difíceis e não resisti a consultar várias opiniões especializadas. Numa das farmácias, recomendaram-me o Brufen 600. Não me importava de comer infiltrado com substâncias químicas, desde que não alterasse o paladar. Tinha bem presente os exemplos de jogadores como o Eusébio que, por jogarem infiltrados, se afastaram prematuramente dos relvados. Comecei a pensar se estas decisões não me condenam a chegar aos 40 e a ter de me retirar das mesas deste país. Mas eu não sou homem para adiar uma refeição por causa do dia seguinte. Lá segui bem dopado com Brufen 600 e convenci o Paulo a fazer o mesmo.
O resultado foi uma noite memorável, sem dores de garganta ou gengivas, com o cabrito a desaparecer acrobaticamente das travessas. Foram momentos intensos, em que se estabeleceu um laço mágico e emocionante entre o nosso grupo e a indústria farmacêutica.
Para mim, a última fronteira do conhecimento científico é, agora, a constipação. Julgo que esta área deve merecer toda a dedicação e investimento dos governos e indústria, com esforços concertados para conseguir acabar com esse drama de milhões de pessoas: a perda de paladar quando estão constipadas.
Se algum dia for encontrada a cura para este mal, acredito que teremos colocado a pedra angular na construção de todo o conhecimento médico.